Era tão pequena e frágil, quase intocável. Como fazia estes
doces cabelos dançar ao som de uma simples palpitação.
Por vezes é bom por a pata na poça num dia de sol e sentir a
água entrelaçar-se entre os dedos. É a errar que aprendemos a distinguir o bem
do mal e nenhum ser humano é imune ao erro. Mais tarde ou mais cedo cada um de
nós vai errar, e o valor a pagar por esses erros, por vezes é excessivo.
Todavia só os fortes é que são capazes de assumir o facto de terem errado e
cumprir com a punição estipulada. Mas por vezes essa pena altera-se, e é
prolongada, mas isso não significa que os nossos erros não estejam absolvidos.
Dou tudo, para que em cada segundo possa relembrar a textura
dos profundos radiosos castanhos olhos da minha mãe e dar um abraço, daqueles
que a aperte tanto que faça saltar as suas veias e escorregar o seu coração.
É difícil descolar-me
assim, logo agora que já me tinha habituado a colocar apenas 4 pratos na mesa,
a acordar com a música do rádio que a minha mãe liga logo que se prepara para
começar a lida doméstica, em todos os jantares ouvir o dia do meu pai e nos atropelar-mos todos a falar, a todos
os domingos dar um pulinho a casa da minha avó para a mimar, e ser mimada com o
mesmo mimo de sempre, aquele simples bolo xadrez que me conduz aos tempos de
infância, e o claro facto de o meu irmão já se ter acostumado a partilhar o
comando comigo. É esta a rotina que eu não trocava nem por todas as pirâmides
do Egipto abarrotadas de tabeles de Milka de caramelo.
Desejei biliões de vezes estar a ter um grandioso pesadelo.
Fechei e abri os olhos, belisquei-me mais de sete vezes, era mesmo real. A
minha nuvem deixou de flutuar e aterrou pés firmes na terra.
Eu que tinha convencido o impossível a tornar-se possível.
Tinha mudado tudo, até a cor da minha pele. O meu mundo não se baseia nas aparências
mas sim de realidades.
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