Livros são mais que meras folhas




Um livro não é um monte de folhas que serve para embelezar as sebes do sótão que previamente preenchidas por pó.


Um livro é um portal para as nuvens, para uma dimensão olvidada e inexistente onde os seres pairam e respiram por entre as folhas que brandamente caiem das árvores e se recostam paulatinamente junta á ténue lua.


A cada livro, cada palavra dá-nos uma nova identidade, uma nova missão de vida, uma explicação para todos os livros serem distintos e todas as capas idênticas. É como se cozêssemos uma linha artéria, daquelas mesmo chegadinhas ao palpitante, á historia que estamos a ler. Por momentos, nós sentimos, nós respiramos, nós residimos dentro das emoções que gota-a-gota se espalham por detrás das tenras palavras esquecidas dentro de um áspero objeto que a maior parte acha inútil, uma perda de tempo.


É uma perda de tempo dar-mos asas á mente e raízes ao coração? É uma perda de tempo navegar por entre as tempestuosas marés sem sair dos escaldantes lençóis acabadinhos de aconchegar? Será que é uma perda de tempo darmos tempo a um bom livro?


Uma perda de tempo é permanecermos a olhar para elas a ganhar pó e não a desgastar-lhes as folhas.

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