Emigrante, dois corações num só corpo

        

Um emigrante passa a vida num vaivém. 
O emigrante é aquela folha que sempre que desliza para outro ramo atrai olhares secos, desprezistas e invejosos. Olhares que inspeccionam e atravessam por de dentro das linhas e procuram qualquer ponta solta para descriminar, comentar e criticar.
O emigrante é um mix cardíaco, que em cada palpitação sente mil e um sentimentos, alguns eu posso desvendar, a indecisão, a inquietação, o arrependimento, o amor, o coração dividido, e os outros? Preenchem o vazio do coração com memorias perdidas entre as raízes da saudade.
As malas sabem sempre o seu destino quando alguém lhes aquece a ponta e puxa, mas por vezes o dinheiro encolhe as asas. 
Emigrante é aquele que se pudesse escolher, escolheria sem dúvida o país que lhe dá amor, e não o que lhe paga as contas. Mas são escolhas deste género que fazem a diferença, aliás toda a diferença. 
Afinal ele não passa a vida num vaivém, ele é mesmo um vaivém.

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