Regresso saudosamente à
praia e solto tudo no chão descuidadamente. Dispo os fatigados saltos vermelhos
num ápice, retiro o caderno da mala e a esferográfica dourada e faço uma
corrida silente com os incalculáveis grãos de areia até a beira-mar.
É lá que me inspiro e que
ainda hoje revejo tudo, e traço cada instante nosso em cada linha minha.
Voar contigo não era
impossível, porque tu fazias-me acreditar nisso, seguravas suavemente em mim e instruías-me.
E eu venerava voar subtilmente nos teus ásperos braços, e pousar nos teus
lábios amargamente silenciosos.
Admito porque é uma
verdade indestrutível, tu eras um dom. Que não nasceu comigo, mas para ficar
comigo.
Dificilmente irei
esquecer. Tu eras uma insónia ténue. A tua voz mantinha-me apaixonada, o teu
abraço mantinha-me quente, e o teu coração mantinha-me tua.
Não sei se me perdi
contigo, ou se me perdi em ti. Inspiras-me intensamente, pior inspira-me a narrativa
proibida que possuímos.
Deixa-me redesenhar cada fio
do teu corpo robusto nesta folha branca até a arte deixar de ser uma desculpa
para poder olhar para ti e o amor uma razão para te poder sentir perpetuamente.
Mas por incrível que pareça,
sempre nos cruzamos, ingenuamente olho para trás e tu similarmente olhas, e é
nessa saudade que nos intersectamos vezes sem fim
A beira-mar começa a
descer calmamente, a areia começa a surgir.
Enlaço os últimos raios cintilantes
de sol que em tempos aqueceu os nossos espíritos com uma brisa gélida que nos
fazia rodopiar com os grãos de areia. Eles desabavam entre nós e envolvia-nos numa
agitação interminável ao timbre de uma elementar brisa, uma brisa apaixonante,
incrivelmente apaixonante.
É um passado presente em
que eu permaneço eternamente tua, com uma promessa para toda a vida, amar-te
até ao meu último suspiro.
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