Sabes que dia é hoje?




Hoje é dia de te dizer que te amo.

A chuva parou de deslizar do céu em forma de lágrimas mudas e perfumadas de insignificância. O frio glaciar parou de arrepiar cada poro do nosso cadáver. E o sol esboçou um sorriso sereno e pacifico no nosso rosto. O inverno ainda não chegou ao fim, ainda não chegou a hora da despedida. Mas seria uma despedida tão justa e merecida.
Hoje é dia de despertar 5 minutos mais cedo que tu, e interromper o teu sono profundo com uns mélicos beijos madrugadores.
Hoje é dia de enquanto tomas duche, por a mesa na varanda e tomar-nos o pequeno-almoço com a aragem oceânica, desfrutando de um mar destemido e uma balada ruidosa. 
Hoje é o dia em que me vais transportar ao colo até à cama e me ajudas a eleger a roupa para levar. Porém em vez disso não resistimos em pegar nas almofadas e inaugurar uma batalha. Elas desabaram até nós e misturarmos-nos numa agitação infinita ao timbre de uma essencial brisa, em que me transferes escassamente a tua força para te conseguir empurrar fora da cama e triturar-te com todas as almofadas que consiga agarrar. Mas até assim consegues arrancar-me tudo das mãos, pegar-me e beijar-me. Usas uma força incondicionalmente forte, a força do coração. De seguida abandonámos o quarto e iniciamos uma corrida com o vento, em que o destino final é o mar. Distrai-me, contemplando a jeito único de como tu moldas a areia, passo a passo. Por ápices segundos chefiei a corrida, mais foi o suficiente para tu me pegares ao colo, correres mais rápido que nunca, escorregando pelos glóbulos de areia,  e entrarmos naquela água gelada. Não tinha frio, não tinha calor, tinha-te a ti. Era a certeza de que nada ia correr mal. E se corresse, estarias lá tu para me proteger. 
 Hoje é dia de me guiares de carro e repetidamente despedes-te de mim com a mão ainda dada inclusivamente enquanto eu tento abandonar o veículo, e tu levemente me puxas e instalas novamente dentro dele.
Hoje é o dia em que te vou cobrir de beijos macios, em que te vou dar o melhor de mim, em que vou fazer promessas de amor eterno.
Hoje é o dia em que vou novamente consentir apaixonar-me por ti, todos os dias até ao resto da minha existência.
Hoje é o dia em que vais regressar a casa, e vais andar devagar e cautelosamente, para não tropeçar nas velas que pousei no chão, ateadas, e que te sugerem o percurso até à sala. E lá me encontras, com a tua camisa branca vestida que me cobre por completo, há frente da lareira, com a nossa música num tom agradável e harmónico, a tomar um benigno vinho, circundada de pétalas de jasmim dispersas acidentalmente. E ai permanecemos, entre o calor da lareira e o calor dos nossos corpos fogosamente apaixonados. 
E lá ficamos, desejando que todos os nossos dias fossem como hoje.


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