Permanecemos distantes e
ainda assim te sinto perto de mim. Como se o calor dos teus braços envolvesse o
meu corpo num abraço apertado, e a tua mélica voz me murmurasse as mais sublimes
promessas de amor. Cativas-me, e eu já não consigo contestar isso.
Todos os dias eu tento,
distrair a tua ausência, mas ela faz-se sentir cada vez mais onde devia estar a
tua presença. E eu não aguento continuar a ter-te distante de mim. Dou por mim
à procura do teu fascinante sorriso por entre as multidões, mesmo prevendo que jamais
o encontraria ai, porque tens um sorriso que não encontro em mais ninguém. Dou
por mim a redigir encantadoras cartas, em folhas ténues e beges, com um beijo
marcado a batom no fim de todas elas, e guardo-as.
Deparo-me com uma
fotografia, e por intermináveis ápices nos imagino-nos lá.
Era o primeiro dia de
primavera. E ela enlaçava cada raio resplandecente que caía do céu e aquecia os
nossos espíritos com uma aragem gelada que nos fazia rodopiar com as flores que
povoam as melancólicas árvores. Elas caíam até nós e envolvíamos numa agitação
interminável ao timbre de uma elementar aragem, uma aragem de primavera
abarrotada de felicidade, esperança e persistência.
Prosseguíamos, caminhando
apaixonadamente, lado a lado, sentindo a ternura da tua mão aconchegada na
suavidade da minha, enquanto deslumbrávamos serenamente a essência em nosso
redor. O teu ombro esquerdo, robusto e amplo, suportava delicadamente o meu
cabelo, e tu cuidadosamente te amparavas sobre ele, como se tivéssemos deitados
um sobre o outro no teu ombro. Eramos o pilar um do outro. Enquanto estava apoiada
no teu ombro, sinto o aroma incomparável do teu perfume, sinto o calor que foge
do teu corpo e me faz querer estar cada vez mais junto a ti. Conseguia
sentir o teu coração a bater depressa.
E tu desapareces
lentamente, entre a vontade de te ter e a distância que nos separa.
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